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02/02/2014 |
André Cintra vai a Sochi como o primeiro atleta brasileiro em Jogos Paralímpicos de Inverno |
O paulista André Cintra de 34 anos representará o Brasil nos Jogos Paralímpicos de Inverno em Sochi, na Russia. André irá competir na prova de snowboard cross marcada para 14 de março. É também a primeira vez que a modalidade será disputadas nos Jogos Paralímpicos.
André começou a praticar snowboard há cinco anos, após adquirir uma prótese específica para o esporte, logo depois de uma viagem com amigos para a neve. Se apaixonou pela modalidade e decidiu dedicar-se intensamente ao esporte. Participou do Campeonato Brasileiro de snowboard em 2012 e disputou sua primeira prova internacional em janeiro de 2013. Atualmente, está entre os melhores paraatletas de snowboard do mundo - 18º no ranking mundial.
"O desafio é me superar e trazer um bom resultado para o país. E estar classificado entre as 32 nações, sendo que representamos a única delas onde não há neve, já é uma grande conquista", afirma André Cintra.
Snowbrasil: Como começou o amor pelo snowboard?
AC: Sempre adorei esportes radicais e o amor pelo snowboard começou em um primeiro contato com amigos na neve. Vi que aquilo era incrível, mas naquele momento não podia fazer direito porque eu não tinha uma prótese específica. Aí veio o primeiro desafio: Eu tinha que ter que fazer snowboard de qualquer maneira, pois isso passou a ser um objetivo pra mim.
Snowbrasil: Em que ponto decidiu levar a sério e começar a competir?
AC: No final de 2012 a CBDN e o Comitê Paralímpico Brasileiro me convidaram para representar o Brasil e então começamos a busca por novos equipamentos e iniciamos os treinamentos técnicos. Antes disso, era só diversão no snowboard. |
Snowbrasil: Poderia falar um pouco sobre a sua prótese especial para snowboard?
AC: Tenho várias próteses diferentes, uma para cada tipo de esporte que pratico. No caso da de snowboard, ela não dobra por completo e tem dois amortecedores tipo de mountain bike, em que um serve para ajustar a flexão e outro para a extenção do joelho. Eles amortecem os saltos e ajudam no posicionamento do corpo quando temos que fazer curvas ou ir reto nas pista. A prótese que utilizo no dia-a-dia é muito mais sofisticada, ela é eletrônica e tem micro processadores que regulam as válvulas de óleo pra ajustar a velocidade dos passos. No caso das pranchas não ha nenhuma adaptação, são normais.
Snowbrasil: O que considera a parte mais dificil da prova de snowboard cross, as curvas, saltos ou bumps?
AC: O que eu considero mais difícil é a transição entre os três é claro, em velocidade. Fazer uma transição de uma curva longa pra direita, um salto, uns bumps e uma curva pra esquerda, sem ter um joelho e um tornozelo é algo bem complexo porque você tem que comandar os movimentos com outras partes do corpo. É bem diferente a velocidade e qualquer erro pode ser fatal.
Snowbrasil: Como está indo o treinamento para Sochi?
AC: Treinamos em Copper Mountain na semana passada, foi muito bom e estou aprendendo muito. Eu treino com a equipe americana, o que me proporciona muito aprendizado. Essa semana estamos em Big White, no Canadá, nos preparando para as provas do final da semana. Essa semana pude treinar com o numero 1 do mundo.
Snowbrasil: Como é a rotina de treino?
AC: Bom, depende do dia. A vida na montanha é muito corrida. Temos muitos treinos em pistas leves para treinar curvas e em pistas mais velozes e um pouco menos de treinamento nas pistas de boardercross, o que eu adoraria que fossem mais intensos. Essa é uma grande desvantagem de morar no Brasil, porque os competidores locais treinam muito mais nas pistas de boardercross que nós.
Snowbrasil: Até os Jogos você participará de mais competições?
AC: Tivemos duas provas em Copper Mountain no final de semana passado. Esse fim de semana teremos duas provas no Canadá,
as provas da Eslôvenia foram canceladas e teremos 2 provas em fevereiro, em La Molina na Espanha.
Snowbrasil: André, desejo bom aproveitamento nos treinos e sucesso nas competições por vir.
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